Por John Piper
Em 2Coríntios 1.23-2.4, Paulo escreve sobre uma visita que não fez e uma carta penosa que teve de enviar. Ele explica os sentimentos mais profundos do seu coração com tudo isso:
Eu, porém, por minha vida, tomo a Deus por testemunha de que, para vos poupar, não tornei ainda a Corinto; não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vossa alegria; porquanto, pela fé, já estais firmados. Isto deliberei por mim mesmo: não voltarei a encontrar-me convosco em tristeza. Porque, se eu vos entristeço, quem me alegrará, senão aquele que está entristecido por mim mesmo? E isto escrevi para que, quando for, não tenha tristeza da parte daqueles que deveriam alegrar-me, confiando em todos vós de que a minha alegria é também a vossa. Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida.
Observe como o fato de Paulo buscar a alegria deles e a sua própria tem relação com o amor. No v. 2 ele dá a razão por que não fez outra visita dolorosa a Corinto: "Porque, se eu vos entristeço, quem me alegrará, senão aquele que está entristecido por mim mesmo?" Em outras palavras, a motivação de Paulo aqui é preservar a sua própria alegria. Ele está dizendo: "Se eu destruir a alegria de vocês, a minha também se destruirá. Por quê? Porque a alegria deles é exatamente o que lhe dá alegria!
Em 2Coríntios 1.24 fica claro que a alegria que está em vista é a alegria da fé. É a alegria de conhecer e descansar na graça de Deus — a mesma alegria que levou os macedônios a serem generosos (2Co 8.1-3). Quando essa alegria existe em abundância em seus convertidos, Paulo sente grande alegria pessoalmente. E ele lhes diz sem constrangimento que a razão por que não quer roubar-lhes a alegria é que isso o privaria da alegria dele. É assim que fala um cristão que busca o prazer.
No v. 3 Paulo diz a razão por que lhes enviou uma carta penosa: "Isto escrevi para que, quando for, não tenha tristeza da parte daqueles que deveriam alegrar-me, confiando em todos vós de que a minha alegria é também a vossa". Aqui sua motivação é a mesma, exceto num ponto. Ele diz que não queria ser entristecido. Ele quer alegria, não sofrimento. Ele é um cristão que busca o prazer! Mas aqui ele vai um passo além do v. 2. Ele diz que a razão por que quer alegria e não sofrimento é que tem confiança de que a alegria dele também é a deles: "Confiando em todos vós de que a minha alegria é também a vossa".
Portanto, o v. 3 é o inverso do v. 2. No v. 2 ele afirma que a alegria deles é também a sua; isto é, quando eles estão alegres ele se sente feliz com a alegria deles. E no v. 3 ele afirma que a sua alegria é a alegria deles; isto é, quando ele está feliz eles se sentem felizes com a alegria dele. Depois, o v. 4 torna a relação com o amor explícita. Ele diz que a razão por que lhes escreveu foi "para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida". Então, o que é amor? O amor existe em abundância entre nós quando a sua alegria é minha e a minha alegria é sua. Não estou amando apenas porque busco sua alegria, mas porque a busco como minha.
Digamos que eu fale a um dos meus filhos: "Seja bonzinho com seu irmão, ajude-o a arrumar o quarto, tente fazê-lo sentir-se contente, não infeliz". Como seria se ele ajudasse a limpar o quarto, mas resmungasse o tempo todo e transpirasse descontentamento? Haveria virtude em seu esforço? Não muito. O que está errado é que a felicidade do seu irmão não é a sua. Ao ajudar seu irmão, ele não está buscando sua própria alegria na felicidade do seu irmão. Ele não está agindo como um cristão que vive para o prazer. Seu esforço não é o esforço do amor. É o esforço do legalismo — ele age por mera obrigação, para não ser castigado.
Texto retirado do Blog Bereianos
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