CONHECENDO
A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM
cRISTO
Hebreus
1.1-4
1.
Antigamente, muitas vezes e de muitas
formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho a quem constituiu herdeiro de todas
as promessas que Deus havia prometido ao seu povo, por meio de quem, também,
criou o universo. 3. Ele, que é
resplendor da glória e expressão exata de Deus, sustentando todas as coisas com
sua palavra de poder, depois de realizar o rito de purificação dos pecados,
assentou-se à direita da Majestade nas alturas. 4. Assim, ele se tornou tão superior aos anjos, quanto é mais excelente o
nome que recebeu.
Jesus:
a plena revelação de deus aos homens 3
1.
Antigamente, muitas vezes e de
muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho
Em nosso último sermão
declaramos que deus sempre fez conhecida a sua palavra por meio de um
modus operandi claro: nos pais, pelos profetas. É por meio
deste modo claro, discernível, que todo ser humano, principalmente os crentes,
podem compreender quem é Jesus.
Este modus
operandi é ensinado pelo autor de Hebreus na frase “Deus
falou aos pais, pelos profetas. Como vimos no sermão anterior, isto
ocorre dentro de um processo revelacional em que, paulatinamente, Deus vai
tornando clara a sua mensagem e a revelação do messias.
Todavia, antes de
considerarmos o ensinamento desta frase e entendermos, assim, como Deus procede
sua revelação, convém examinarmos dois grande perigos que nos impedem, e muitas
vezes nos cegam, quanto ao entendimento da verdade de Deus: o misticismo
e o pragmatismo.
Numa conversa com meu
irmão, pastor Alex, e com outro amigo, pastor Paulo Ribeiro, ouvi a história de
um pastor na Bahia que alegava buscar uma estratégia de Deus para a
evangelização de sua cidade. Então, o Senhor Deus teria falado com ele dizendo
algo do tipo: “Meu filho, monte uma escola de samba na sua igreja e participe
do carnaval para evangelizar as pessoas”. Assim, após ter “ouvido a voz” do
Senhor, este pastor montou a escola de samba na sua igreja e a inscreveu para
participar dos desfiles.
Como conseqüência de
sua obediência, sua igreja ganhou o desfile das escolas de samba daquele lugar,
e isto por 5 anos consecutivos. Vendo que a escola de samba daquela igreja era
imbatível, as demais desistiram de desfilar e, segundo o relato, o carnaval
acabou naquela cidade.
Posso ouvir um “glória”
por esse tristemunho? Sinceramente, espero que não, ainda que algumas igrejas
estejam se empolgando com este tipo de relato. O que há de errado com o que foi
descrito aqui? Supondo que seja verdade (e eu não sei da veracidade da
história, sou cético com estas coisas), por que não nos regozijamos e nos
alegramos com a suposta obediência deste pastor e os resultados obtidos?
Não nos alegramos
porque algo está errado na forma como supostamente Deus falou com este
pastor: o modus operandi
de deus falar foi totalmente ignorado. É interessante observar
como a geração evangélica moderna estabeleceu novos paradigmas do falar de Deus
aos homens e esqueceu de criticar, biblicamente, tais paradigmas.
O que nos foi proposto
no relato acima é o que chamamos de modo místico de Deus falar. De uma
forma simples, o misticismo significa uma
busca de comunhão com a divindade através da experiência divina ou intuitiva.
Com o ressurgimento desta prática pagã de Deus falar nas igrejas, passamos
a acreditar que Deus fala diretamente conosco sem a necessidade de mediação das
Escrituras Sagradas. Basta estarmos em oração, num processo de santificação
e meditação que passaremos a ouvir a voz de Deus diretamente.
Interessante, ainda, é
que nem precisamos examinar as motivações das nossas orações e motivações (se
são aceitáveis ou não aos olhos de Deus). No caso do pastor mencionado, sua
motivação e oração era o crescimento da igreja, e isto era suficiente para que
ele julgasse ter sido a voz de Deus que o instigou a agir daquela forma. Mas se
considerarmos as Escrituras dentro dos seus próprios contextos, não veremos
Deus nos ensinando a buscarmos tal crescimento. Somos ensinados a pregar o
evangelho que chame os homens ao arrependimento, levando-os a confiar suas
vidas a Cristo Jesus. Crescimento de igreja não está sujeito à nossa ação, mas
à ação do Espírito Santo de Deus, que agirá redimindo o número dos eleitos do
Senhor (Atos 2.39). É neste sentido que devemos ler Atos 2.47b: “Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
Observe que a igreja em
Atos apenas pregava o evangelho do reino; não havia estratégias para
crescimento e nem preocupação com isto. Como resultado da pregação, o contexto
inicial diz que “perseveravam unânimes na doutrina dos apóstolos e na comunhão,
no partir do pão e nas orações” (v.42). Como resultado, havia temor em seus
corações; viviam juntos e tinham tudo em comum (v.43,44). Enquanto isso acontecia
entre eles, O SENHOR DEUS ACRESCENTAVA os que iam sendo salvos. Perceba,
aqueles irmãos não faziam isto como estratégia, mas era o seu estilo de vida
mediante o evangelho, e o Senhor Deus, por iniciativa soberana, não
constrangido a isso, acrescentava-lhes os que iam sendo salvos.
Quando entendemos isto,
não buscamos a Deus com orações tolas que revelam as necessidades pecaminosas
de reconhecimento do nosso ministério diante dos outros. Não pediremos a Deus o
que desejamos, mas pediremos aquilo que agrade ao Senhor em nossas vidas.
Muitas pessoas têm sido
enganadas com supostas vozes de Deus por ignorar, totalmente, a mediação da sua
Palavra, pois o que lhes basta é a mediação das ambições dos seus próprios
corações, ou suas angústias pessoais. Então, seus corações produzem vozes e
passam a dizer que Deus falou com elas. Entenda o que estou dizendo! Preciso
ser bem claro e específico aqui! Nossos corações, por causa de suas
ambições ou angústias, reproduzem vozes “audíveis” em nossos ouvidos que
julgamos ser de Deus, mas que nada tem a ver com Deus, e passamos a guiar
nossas vidas, nossas decisões por estas vozes interiores que nos afastam,
realmente, do senhor e sua vontade.
Nenhuma revelação de Deus
procederá dele sem a mediação das Escrituras Sagradas. Isto significa que se
Deus falou algo, de fato, a mim, a Bíblia será testemunha da verdade desta voz.
Tomando o caso, novamente, daquele pastor na Bahia, a quem Deus manda fazer uma
escola de samba para a evangelização daquela cidade, como ficam os textos
sagrados que nos ensinam a nos afastarmos do mundo com sua devassidão?
Observemos: Dt 7.1-5; Jo 17.14-18; Tg 4.4; 1Jo 2.15-17. Onde, nas Escrituras
Sagradas, temos autorização da parte de Deus para santificarmos aquilo que é
pecado? Nosso chamado é para chamar para fora (grego ekbalew)
deste mundo os pecadores e não para nos misturarmos com sua cultura ofensiva a
Deus.
Por rejeitarmos o modus
operandi de Deus falar, pastores têm prostituído a igreja do Senhor
Jesus com práticas pagãs, desonrosas ao nome de Deus e permissivas sexualmente,
trazendo vergonha ao bom e santo nome de Cristo, de quem fala toda a revelação
das Escrituras.
Deus não fala conosco sem a mediação das
Escrituras. Entenda isto. Nenhuma voz será a genuína voz do senhor
sem a mediação das escrituras. Preciso afirmar isto de forma
enfática, pois após esta conversa, o pastor Alex me expôs outra situação em que
um pastor auxiliar, mantendo-se fiel à voz do Senhor mediante a Escritura, ouviu
de seu titular algo do tipo: “Nós não podemos fazer somente aquilo que a Bíblia
diz”, ao que reagiu reafirmando sua fé na suficiência das Escrituras, e
provavelmente será demitido como preço do seu amor a Deus e sua Palavra.
Quando o pastor Alex me
contou esta última história, lembrei de minha situação quando pastoreei, como
auxiliar uma igreja no sul de São Paulo, cujo titular era um homem sem nenhum
compromisso com a verdade de Deus, mas totalmente comprometido com o famigerado
movimento de crescimento de Igreja. Ali, em 1998, pedi demissão na metade do
ano, pois não estava disposto a aceitar falsas vozes em nome de Deus para
conduzir minha vida e ministério. E posso lhe dizer que foi a melhor decisão
tomei na minha vida.
Dois anos depois,
aquela igreja enfrentou uma crise terrível que quase a destruiu, e fui
convidado a voltar lá onde pude expor para eles a necessidade de ouvirem
somente a voz de Deus mediada por sua Palavra.
Quando a voz do Senhor
se confunde com o misticismo, a revelação do verdadeiro Cristo fica
comprometida. Abrimos mão de uma bússola segura, infalível, clara e objetiva, a
Palavra de Deus. Não é sem razão que muita coisa que se ensina sobre Jesus nas
igrejas atuais não passam de devaneios de seus líderes, que sem conhecimento das
Escrituras expõem um Cristo segundo as ambições e frustrações dos seus
corações.
Não importa quão emocionante seja o
testemunho; não importa se ele lhe toca e até mesmo lhe faz chorar; não importa
a aparência de veracidade. Se não for mediado pela Escritura, que seja anátema,
maldito, aquele prega outro evangelho!
Voltando ao relato do
pastor na Bahia, um segundo modus operandi de Deus falar é
identificado: Pragmatismo. A razão para acreditar que Deus, de fato, havia
revelado aquela aberração de mensagem é que alguns anos depois o carnaval
acabou naquela cidade. A lógica, então, é: Porque deu certo, só pode ter vindo
de Deus. Será? Examinaremos isto no próximo sermão.
Pr. Airton Williams
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