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segunda-feira, 7 de março de 2016

TEXTO - CONHECENDO A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM CRISTO 5

CONHECENDO A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM cRISTO

Hebreus 1.1-4
1. Antigamente, muitas vezes e de muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho a quem constituiu herdeiro de todas as promessas que Deus havia prometido ao seu povo, por meio de quem, também, criou o universo. 3. Ele, que é resplendor da glória e expressão exata de Deus, sustentando todas as coisas com sua palavra de poder, depois de realizar o rito de purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas. 4. Assim, ele se tornou tão superior aos anjos, quanto é mais excelente o nome que recebeu.

Jesus: a plena revelação de deus aos homens 3

1.      Antigamente, muitas vezes e de muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho

Em nosso último sermão declaramos que deus sempre fez conhecida a sua palavra por meio de um modus operandi claro: nos pais, pelos profetas. É por meio deste modo claro, discernível, que todo ser humano, principalmente os crentes, podem compreender quem é Jesus.
Este modus operandi é ensinado pelo autor de Hebreus na frase “Deus falou aos pais, pelos profetas. Como vimos no sermão anterior, isto ocorre dentro de um processo revelacional em que, paulatinamente, Deus vai tornando clara a sua mensagem e a revelação do messias.
Todavia, antes de considerarmos o ensinamento desta frase e entendermos, assim, como Deus procede sua revelação, convém examinarmos dois grande perigos que nos impedem, e muitas vezes nos cegam, quanto ao entendimento da verdade de Deus: o misticismo e o pragmatismo.
Numa conversa com meu irmão, pastor Alex, e com outro amigo, pastor Paulo Ribeiro, ouvi a história de um pastor na Bahia que alegava buscar uma estratégia de Deus para a evangelização de sua cidade. Então, o Senhor Deus teria falado com ele dizendo algo do tipo: “Meu filho, monte uma escola de samba na sua igreja e participe do carnaval para evangelizar as pessoas”. Assim, após ter “ouvido a voz” do Senhor, este pastor montou a escola de samba na sua igreja e a inscreveu para participar dos desfiles.
Como conseqüência de sua obediência, sua igreja ganhou o desfile das escolas de samba daquele lugar, e isto por 5 anos consecutivos. Vendo que a escola de samba daquela igreja era imbatível, as demais desistiram de desfilar e, segundo o relato, o carnaval acabou naquela cidade.
Posso ouvir um “glória” por esse tristemunho? Sinceramente, espero que não, ainda que algumas igrejas estejam se empolgando com este tipo de relato. O que há de errado com o que foi descrito aqui? Supondo que seja verdade (e eu não sei da veracidade da história, sou cético com estas coisas), por que não nos regozijamos e nos alegramos com a suposta obediência deste pastor e os resultados obtidos?
Não nos alegramos porque algo está errado na forma como supostamente Deus falou com este pastor: o modus operandi de deus falar foi totalmente ignorado. É interessante observar como a geração evangélica moderna estabeleceu novos paradigmas do falar de Deus aos homens e esqueceu de criticar, biblicamente, tais paradigmas.
O que nos foi proposto no relato acima é o que chamamos de modo místico de Deus falar. De uma forma simples, o misticismo significa uma busca de comunhão com a divindade através da experiência divina ou intuitiva. Com o ressurgimento desta prática pagã de Deus falar nas igrejas, passamos a acreditar que Deus fala diretamente conosco sem a necessidade de mediação das Escrituras Sagradas. Basta estarmos em oração, num processo de santificação e meditação que passaremos a ouvir a voz de Deus diretamente.
Interessante, ainda, é que nem precisamos examinar as motivações das nossas orações e motivações (se são aceitáveis ou não aos olhos de Deus). No caso do pastor mencionado, sua motivação e oração era o crescimento da igreja, e isto era suficiente para que ele julgasse ter sido a voz de Deus que o instigou a agir daquela forma. Mas se considerarmos as Escrituras dentro dos seus próprios contextos, não veremos Deus nos ensinando a buscarmos tal crescimento. Somos ensinados a pregar o evangelho que chame os homens ao arrependimento, levando-os a confiar suas vidas a Cristo Jesus. Crescimento de igreja não está sujeito à nossa ação, mas à ação do Espírito Santo de Deus, que agirá redimindo o número dos eleitos do Senhor (Atos 2.39). É neste sentido que devemos ler Atos 2.47b: “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
Observe que a igreja em Atos apenas pregava o evangelho do reino; não havia estratégias para crescimento e nem preocupação com isto. Como resultado da pregação, o contexto inicial diz que “perseveravam unânimes na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (v.42). Como resultado, havia temor em seus corações; viviam juntos e tinham tudo em comum (v.43,44). Enquanto isso acontecia entre eles, O SENHOR DEUS ACRESCENTAVA os que iam sendo salvos. Perceba, aqueles irmãos não faziam isto como estratégia, mas era o seu estilo de vida mediante o evangelho, e o Senhor Deus, por iniciativa soberana, não constrangido a isso, acrescentava-lhes os que iam sendo salvos.
Quando entendemos isto, não buscamos a Deus com orações tolas que revelam as necessidades pecaminosas de reconhecimento do nosso ministério diante dos outros. Não pediremos a Deus o que desejamos, mas pediremos aquilo que agrade ao Senhor em nossas vidas.
Muitas pessoas têm sido enganadas com supostas vozes de Deus por ignorar, totalmente, a mediação da sua Palavra, pois o que lhes basta é a mediação das ambições dos seus próprios corações, ou suas angústias pessoais. Então, seus corações produzem vozes e passam a dizer que Deus falou com elas. Entenda o que estou dizendo! Preciso ser bem claro e específico aqui! Nossos corações, por causa de suas ambições ou angústias, reproduzem vozes “audíveis” em nossos ouvidos que julgamos ser de Deus, mas que nada tem a ver com Deus, e passamos a guiar nossas vidas, nossas decisões por estas vozes interiores que nos afastam, realmente, do senhor e sua vontade.
Nenhuma revelação de Deus procederá dele sem a mediação das Escrituras Sagradas. Isto significa que se Deus falou algo, de fato, a mim, a Bíblia será testemunha da verdade desta voz. Tomando o caso, novamente, daquele pastor na Bahia, a quem Deus manda fazer uma escola de samba para a evangelização daquela cidade, como ficam os textos sagrados que nos ensinam a nos afastarmos do mundo com sua devassidão? Observemos: Dt 7.1-5; Jo 17.14-18; Tg 4.4; 1Jo 2.15-17. Onde, nas Escrituras Sagradas, temos autorização da parte de Deus para santificarmos aquilo que é pecado? Nosso chamado é para chamar para fora (grego ekbalew) deste mundo os pecadores e não para nos misturarmos com sua cultura ofensiva a Deus.
Por rejeitarmos o modus operandi de Deus falar, pastores têm prostituído a igreja do Senhor Jesus com práticas pagãs, desonrosas ao nome de Deus e permissivas sexualmente, trazendo vergonha ao bom e santo nome de Cristo, de quem fala toda a revelação das Escrituras.
Deus não fala conosco sem a mediação das Escrituras. Entenda isto. Nenhuma voz será a genuína voz do senhor sem a mediação das escrituras. Preciso afirmar isto de forma enfática, pois após esta conversa, o pastor Alex me expôs outra situação em que um pastor auxiliar, mantendo-se fiel à voz do Senhor mediante a Escritura, ouviu de seu titular algo do tipo: “Nós não podemos fazer somente aquilo que a Bíblia diz”, ao que reagiu reafirmando sua fé na suficiência das Escrituras, e provavelmente será demitido como preço do seu amor a Deus e sua Palavra.
Quando o pastor Alex me contou esta última história, lembrei de minha situação quando pastoreei, como auxiliar uma igreja no sul de São Paulo, cujo titular era um homem sem nenhum compromisso com a verdade de Deus, mas totalmente comprometido com o famigerado movimento de crescimento de Igreja. Ali, em 1998, pedi demissão na metade do ano, pois não estava disposto a aceitar falsas vozes em nome de Deus para conduzir minha vida e ministério. E posso lhe dizer que foi a melhor decisão tomei na minha vida.
Dois anos depois, aquela igreja enfrentou uma crise terrível que quase a destruiu, e fui convidado a voltar lá onde pude expor para eles a necessidade de ouvirem somente a voz de Deus mediada por sua Palavra.
Quando a voz do Senhor se confunde com o misticismo, a revelação do verdadeiro Cristo fica comprometida. Abrimos mão de uma bússola segura, infalível, clara e objetiva, a Palavra de Deus. Não é sem razão que muita coisa que se ensina sobre Jesus nas igrejas atuais não passam de devaneios de seus líderes, que sem conhecimento das Escrituras expõem um Cristo segundo as ambições e frustrações dos seus corações.
Não importa quão emocionante seja o testemunho; não importa se ele lhe toca e até mesmo lhe faz chorar; não importa a aparência de veracidade. Se não for mediado pela Escritura, que seja anátema, maldito, aquele prega outro evangelho!
Voltando ao relato do pastor na Bahia, um segundo modus operandi de Deus falar é identificado: Pragmatismo. A razão para acreditar que Deus, de fato, havia revelado aquela aberração de mensagem é que alguns anos depois o carnaval acabou naquela cidade. A lógica, então, é: Porque deu certo, só pode ter vindo de Deus. Será? Examinaremos isto no próximo sermão.

Pr. Airton Williams



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