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terça-feira, 22 de março de 2016

TEXTO - CONHECENDO A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM CRISTO 6 e 7

CONHECENDO A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM cRISTO

Hebreus 1.1-4
1. Antigamente, muitas vezes e de muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho a quem constituiu herdeiro de todas as promessas que Deus havia prometido ao seu povo, por meio de quem, também, criou o universo. 3. Ele, que é resplendor da glória e expressão exata de Deus, sustentando todas as coisas com sua palavra de poder, depois de realizar o rito de purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas. 4. Assim, ele se tornou tão superior aos anjos, quanto é mais excelente o nome que recebeu.
Jesus: a plena revelação de deus aos homens
1.      Antigamente, muitas vezes e de muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho

Jesus é a plena revelação de Deus aos homens! Diante das dúvidas sobre a pessoa de Jesus, quem ele é, de fato, o escritor de Hebreus começa com a afirmação ousada de que “nos dias finais, (Deus) nos falou no Filho”. Todavia, esta afirmação poderia se basear em mera especulação mística ou pragmática, como já observamos.
Se este fosse o caminho adotado por nosso escritor, os judeus na comunidade para quem destinava seu escrito facilmente o rejeitariam por terem sido ensinados que Deus tinha estabelecido um modus operandi claro, discernível, sobre o reconhecimento do seu ser e sua vontade.
Assim, a fim de estabelecer que Jesus é a revelação final de Deus aos homens, o texto reestabelece aqueles que eram, e sempre foram, os fundamentos da forma de Deus falar e tornar conhecido o seu ser e sua vontade aos homens, a fim de demonstrar que Jesus é a plenitude de tal revelação.
Partindo da expressão grega o` qeo.j lalh,saj, a saber, “Deus falou”, o escritor de Hebreus reafirma que toda a verdade, principalmente a que se refere a Jesus, deve ser vista e encontrada a partir da Palavra de Deus. É interessante observar que o texto segue estruturas gramaticais gregas bem definidas, o que permite o entendimento de que ao usar o verbo “falar” no particípio aoristo o autor estava declarando compreender e aceitar que a voz do Senhor, conhecida em outras eras, fora definitiva, concluída em cada período, e que não estava aberta a novas revelações.
Tendo isto em mente, o escritor de Hebreus nos aponta as duas formas reconhecíveis do falar de Deus aos homens: aos pais, pelos profetas.

Deus falou aos pais
É interessante que nosso autor tenha começado sua linha de raciocínio por esta afirmação: “aos pais”. Digo isto porque, como cristãos reformados, somos logo tentados a afirmarmos a supremacia das Escrituras em todo processo da revelação divina. Todavia, o texto estabelece uma linha clara da forma como a Escritura chegou às nossas mãos: Deus falou aos pais.
Quando o escritor utiliza a palavra grega patra,sin, “pais” (grego pathr), ele aponta para duas questões extremamente importantes no entendimento da revelação de Deus e que hoje negligenciamos, e mesmo desprezamos, por causa do nosso preconceito com algumas doutrinas da Igreja Católica Apostólica Romana, a saber:
ü Que o falar de Deus aos homens se deu de forma escriturística por meio de uma comunidade de fé que Ele escolheu para ser a portadora e preservadora de sua Palavra.
ü Que o sentido, significado, da Palavra de Deus é encontrado não somente por meio de uma exegese acurada, mas em conformidade com a tradição hermenêutica da comunidade de fé portadora e preservadora da sua Palavra.
Examinemos, então, estas questões.

Deus escolheu uma comunidade de fé para revelar a sua Palavra
Toda a verdade de Deus foi revelada a um povo que Ele escolheu, soberanamente, para si. Todavia, quando falamos na “escolha” de Deus, é importante compreender que a mesma não se deu a partir dos povos existentes, mas a partir da sua decisão de criar um povo para si (Gn 12.1; 17.1-8), a saber, Israel.
Foi a este povo que o santo Deus decidiu revelar a plenitude da sua Palavra e nos trazer o seu Filho amado Jesus, a redenção da história humana. E este povo, por sua vez, preservou não somente a Palavra revelada, como também o significado de tal Palavra para futuras gerações.
Quando Cristo Jesus cumpre sua missão, ele entrega aos apóstolos a responsabilidade pelo término da transmissão de sua Palavra (Jo 14.25-26; At 1.1-2). A partir de então, um novo Israel assume a responsabilidade de preservar não somente os escritos, mas também o significado do colegiado apostólico, a saber: a igreja.
Ao pontuarmos isto estamos apontando para um fato importante que está presente na frase “Deus falou aos pais”: Deus sempre se fez conhecido e conhecida a sua Palavra dentro da comunidade de fé que ele escolheu para si. É isto que teologicamente chamamos de Tradição da Igreja.
Por causa do nosso ranço teológico com a Igreja Católica Romana, e também por causa do abuso da doutrina promovido por esta, quando cristãos protestantes e evangélicos ouvem falar de Tradição da Igreja lhes dá uma sensação de repúdio, de rejeição, como se fosse algo puramente humano e que se colocaria em oposição à doutrina do Sola Scriptura.
Mas quando examinamos a Escritura Sagrada, observamos que tal doutrina está em plena conformidade com os ensinos bíblicos. Paulo, várias vezes, fundamentou sua argumentação de acordo com esta tradição (Rm 1.1-2; 4.19); Pedro também fez o mesmo (1Pe 3.18-21). Além disso, Paulo a menciona de forma prática para o nosso crescimento espiritual (2Tm 2.14; ______)
Olhando para o uso que o escritor de Hebreus faz desta frase podemos compreender que ele esteja mostrando aos seus leitores que toda a sua discussão sobre a pessoa de Jesus se dará respeitando esta tradição; que seus argumentos não estariam baseados numa elucubração pessoal ou fundamentados em fontes não autorizadas. Por isso, encontramos no texto elementos de debates pautados no ensino da tradição (o caso dos anjos, 1.5-2.16; o simbolismo do sétimo dia como descanso final dos santos, 4.1-13; Melquisedeque, 7.1-3), e na fundamentação escriturística veterotestamentária (e.g. as várias citações e alusões ao do Antigo Testamento, sem apelar para nenhuma fonte extra, mas somente a que era aceita pela tradição da comunidade da fé).
Antes de analisarmos riqueza da tradição da igreja, gostaria de salientar um ponto fundamental: quando falamos de tradição da igreja nos referimos à tradição do povo de Deus, ou seja, uma tradição que inclui Israel e o cristianismo. Um entendimento correto da verdade de Deus precisa contemplar a tradição de ambos os testamentos, tendo em mente:
ü  A revelação progressiva, ou seja, que o Novo Testamento é o ápice de todo o processo da revelação, ou seja: o Novo Testamento são os óculos para se entender o Antigo.
ü  O fundamento hermenêutico do Antigo Testamento para o Novo, ou seja: o Novo Testamento só faz sentido à luz da teologia-promessa do Antigo Testamento.
Tendo considerado isto, temos condições de analisar a riqueza da tradição eclesiástica para a descoberta e entendimento da verdade de Deus que se revela de forma plena em Jesus.
A primeira riqueza diz respeito ao fato de que foi por meio desta comunidade de fé que Deus revelou os livros sagrados que dão certeza da verdade para os fiéis.
Ao longo da caminhada de fé, muitos escritos surgiram requerendo para si o status de inspirados, ou seja, que possuíam a autoridade de Deus para serem observados e praticados; todavia, quando comparados aos autênticos textos inspirados, mostravam-se falhos ou falsos em seus ensinamentos.
No Antigo Testamento temos o caso dos 7 livros a mais chamados de Deutero-canônicos pela Igreja Católica Romana e os textos apocalípticos do período interbíblico (um período marcado pelos estudiosos bíblicos a partir do ano 400 a.C., quando se percebe um silêncio na revelação das Escrituras). A questão é complexa, por isso, a Igreja Católica Romana não pode ser acusada de ter acrescentado estes sete livros, pois uma lista de 66 livros era conhecida da igreja cristã ocidental no início do cristianismo primitivo. Mas o que levou os reformadores a desconfiar que algo estava errado é que esta lista não era reconhecida pela comunidade de fé à quem o Senhor havia revelado a sua Palavra, ou seja, a comunidade judaica. Esta possuía uma lista que equivale aos 39 livros que reconhecemos como inspirados. A Igreja Católica sabe disso, mas toma para si a prerrogativa de ser a comunidade responsável pela Escritura, e não a comunidade judaica. Mas se nos mantivermos dentro da lógica, é óbvio que o texto sagrado vererotestamentário foi reconhecido e preservado por esta, e não por aquela.
No caso do Novo Testamento temos o caso dos chamados Livros Apócrifos, defendido por teólogos liberais como fonte segura e necessária para compreendermos na somente os primórdios do cristianismo, mas também sobre o Jesus Histórico. Filmes como “O Código da Vinci” e artigos que saem em revistas pseudo-científicas como “Galileu”, “Super-Interessante” e afins se baseiam neste tipo de literatura.
Neste caso, é importante frisar que a comunidade cristã primitiva, ou seja, comunidades que foram formadas, confirmadas e firmadas pelos apóstolos, não reconheciam tais textos por serem “falsos” (significado grego da palavra “apócrifo”, escritos falsos). Isto significava que tais textos não somente ensinavam outro evangelho (e.g. gnosticismo), como eram carregados de fantasias em suas histórias, longe da sobriedade das narrativas do Novo Testamento.
Além disso, podemos acrescentar outro sério problema aos escritos apócrifos: o que nos parece mais confiável, um texto que tenha sido escrito junto ou próximo aos eventos que descreve, permitindo contestação imediata, ou textos que foram escritos muito tempo depois, quando as testemunhas oculares já tinham morrido à, no mínimo, 3 gerações? Esta é outra razão pela qual os textos apócrifos não foram aceitos, pois datavam do final do primeiro século da era cristã, muito distante dos eventos que pretendia descrever.
Mas outros textos sugiram e foram usados para o crescimento e amadurecimento do povo de Deus. Tirando o aspecto revelacional, no Antigo Testamento os 7 livros a mais, os Deutero-Canônicos eram, e são até hoje, muito respeitado entre os judeus (os reformadores também os respeitavam), por serem livros considerados “inspirativos” para a fé. No Novo Testamento também tivemos este fenômeno. Livros como Pastor de Hermas, Epístola de Barnabé, Didaché, entre outros, também foram usados por cristãos primitivos como instrutivos, inspirativos. Mas como saber o que era inspirado e inspirativo?
Novamente, a comunidade da fé nos deixou a tradição clara de reconhecimento. No caso do Antigo Testamento teria que estar em conformidade com a Torá e a revelação progressiva. No caso do Novo Testamento teria que estar em conformidade com os Apóstolos e a revelação progressiva.
Penso que isto seja suficiente para entendermos a riqueza da tradição da igreja para o nosso entendimento não somente da fé, mas do Senhor Jesus. Foi por meio dos pais que Deus proveu os documentos certos para o entendimento de quem é Jesus. É neste sentido que o escritor de Hebreus usa a expressão “Deus nos falou nos pais...”. A idéia é que seu discurso (o Livro de Hebreus) estaria totalmente fundamentado nesta tradição, nada seria inventado, apenas reafirmado à luz do evento Jesus.
Por isso, se queremos, realmente, conhecer Jesus, precisamos definir qual será a fonte de pesquisa e qual sua confiabilidade. Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo dão testemunho não somente de sua confiabilidade histórica, como também do seu selo divino, pois são livros inspirados. E se almejamos conhecer, de fato, a Cristo, precisamos nos ater à revelação das Escrituras, e tão somente das Escrituras para estabelecermos a verdade. Textos extra-bíblicos serão considerados quando em conformidade com a Sagrada Escritura, mesmo assim, como ilustrações, nunca como fonte de verdades.

A segunda riqueza diz respeito ao fato de que foi por meio desta comunidade de fé que Deus preservou o significado de suas Palavras.

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