CONHECENDO
A JESUS PARA UM VIVER RENDIDO A DEUS E MOLDADO POR SUA IMAGEM REVELADA EM
cRISTO
Jesus:
a plena revelação de deus aos homens
1.
Antigamente, muitas vezes e de
muitas formas, Deus falou aos pais, pelos profetas. 2. Nos dias finais, nos falou no Filho
Em nosso último sermão,
começamos a ver que Jesus é apresentado dentro de um contexto profético, e que
tal descrição estava de acordo com as expectativas messiânicas da época, visto
que Israel aguardava que seu messias fosse, de fato, um profeta também.
Também observamos que
esta expectativa profética é normal e percebida em todas as religiões, pois os
homens almejam, pela natureza da imago
Dei neles, ouvir e serem orientados por Deus, ainda que se afastem do
verdadeiro Deus por causa dos seus pecados, e busquem formas vazias de
revelação para seus corações confusos e perturbados num mundo caótico.
Por fim, vimos que a
expectativa profética era percebida pelo escritor de Hebreus e que era
necessário trabalhar com ela para apontar para a verdade sobre o sacerdócio de
Jesus, algo que parecia absurdo para os judeus (e ainda parece), quando olham
para as características sacerdotais que o messias deveria ter e as mesmas não
são encontradas em Cristo.
Diante destas
constatações, observamos que a introdução que o escritor de Hebreus faz ao
livro é extremamente importante, pois inicia apontando não somente para a
pessoa de Jesus mas também para aquilo que ele representa. Neste caso, a
primeira afirmação, Deus nos falou no filho, aponta para o fato de que Jesus é a plena
revelação de deus, o que implica que toda a verdade está
ancorada nele.
Porém,
como observamos também, a revelação plena de Deus em Cristo não está ancorada
em alguma experiência mística experimentada por Jesus que o tenha levado a
algum tipo de entendimento de ser ele algum ser especialmente chamado para uma
missão; também não está ancorada no personalismo de sua santidade, piedade e
sabedoria. Ou seja, para o escritor de Hebreus, a resposta sobre a verdade em
torno do sacerdócio e do messianismo não encontram resposta em Jesus por ser
ele Jesus, mas porque ele é o ponto final, pleno e suficiente de um processo
histórico-salvífico de revelação iniciado muito antes dele mesmo, Jesus. Daí
porque o escritor sagrado diz: “antigamente Deus falou...”
Desde
o início de sua criação, o Senhor já falava direcionando tudo para o seu Filho
bendito, e assim, a verdade que se encontra em Jesus não dependia de provas
místicas nem mesmo de uma personalidade forte e convincente. Bastava olhar para
o registro da revelação que vinha desde o Antigo Testamento até encontrar em
Cristo sua plena revelação. É por isso que após a ressurreição, o Senhor Jesus
passou a mostrar, claramente, como toda a Escritura (ou seja, o Antigo
Testamento naquele momento), dava testemunho dele (Lc 24.32;44).
Na
construção de seu argumento para estabelecer que Jesus é a revelação final,
plena e suficiente de Deus aos homens, estando nele toda a verdade sobre todas
as coisas, inclusive o ponto de entendimento do seu próprio sacerdócio, o
escritor de Hebreus traça uma linha consistente com várias teses.
De
início nos lembra que ao longo de todas as eras Deus sempre fez conhecida a sua
palavra.
É neste sentido que devemos interpretar a frase “antigamente Deus falou”.
Donald Guthrie nos lembra que esta afirmação/tese implica, diretamente, na
idéia de que aquilo que será exposto no texto não tem relevância nenhuma para
aqueles que não acreditam no fato de que Deus não nos deixou na ignorância do
seu ser e sua vontade ao longo da história. Quem não crê que Deus tenha falado
ao longo das eras não terá nenhum proveito com a verdade plena que se encontra
em Jesus (Hebreus: Introdução e Comentário, p.57, Editora Vida Nova).
Isto
nos ajuda a discernir um ponto muito importante para a nossa caminhada: se
alguém não nos pede razão da nossa fé (1Pe 3.15), ou demonstra aversão em ouvir
o anúncio do evangelho, não deveríamos perder tempo, jogando pérolas aos porcos
(Mt 7.6). Às vezes, literalmente, perdemos tempo com pessoas assim por causa do
orgulho ou da soberba do nosso coração que acha ter o poder de dissuadir alguém,
levando-o à salvação e com isto ganhando méritos aos olhos de Deus.
Quando
o escritor de Hebreus inicia seu texto inspirado, ele não perde tempo tentando
provar nada do que disse, apenas declara: Deus falou, e isto é mais do que
suficiente para chamar a atenção dos crêem para aquilo que ele propõe revelar,
a saber, que Jesus é a final, plena e suficiente revelação de Deus aos homens
desde o momento que as eras foram iniciadas.
Outra
implicação importante desta tese/afirmação é que a verdade de Deus sempre se
fez conhecida num processo revelacional que culminou na encarnação do Filho de
Deus, por isso se diz: “Antigamente Deus falou... Nestes
últimos dias nos falou no Filho”. Então, segundo o escritor de Hebreus,
nós não conhecemos a verdade plena de Deus mediante um único texto, mesmo das
Escrituras, mas mediante o estudo acurado do processo revelacional
escriturístico que culmina na revelação de Jesus.
Este
ponto é extremamente importante para nós que desejamos conhecer a Deus e fazer
sua vontade, pois o que vemos no meio evangélico atual é um conhecimento de
Deus e de seu Filho baseado em revelações místicas e personalistas que ignoram
totalmente a linha clara da revelação progressiva das Escrituras que culmina em
Jesus. É gente que alega ter estado com Cristo e o anunciam dizendo coisas
bizarras e desonrosas à santidade dele, do tipo: “ele é demais; ele é um gato”
(Baby do Brasil, numa entrevista ao Jô Soares). São muitas as declarações que
se fazem a respeito de Jesus, sua pessoa e obra, e que não encontram amparo
nenhum na clara linha revelacional progressiva das Escrituras.
Jesus
não é uma figura religiosa que nasce do nada, de uma elucubração humana ou
fanatismo religioso de um homem (e.g. Inri Cristo); também não se apresenta
como a verdade (“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, Jo14.6), apresentando
credenciais personalistas; também não reivindica divindade baseado em uma
experiência mística, pois não são seus milagres que atestam ser ele o próprio
Deus, visto que muitos curandeiros eram conhecidos na época de Jesus como
também o são em nossos dias.
Jesus
se revela como a plena revelação de Deus aos homens por meio de uma linha
clara, verificável, da revelação progressiva tal como a encontramos nas
Escrituras Sagradas. Por isso, ele não teme dizer: “Examinai as Escrituras,
porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de
mim” (Jo 5.39).
Tudo
o que Jesus é e tudo o que ele ensinou está em plena concordância com o falar
de Deus por todas as eras, em todas as gerações; tudo o que Jesus é e tudo o
que ele ensinou revelam a plenitude de tudo aquilo que as Escrituras falaram
sobre Deus e sua vontade aos homens ao longo de todas as eras, em todas as
gerações.
Não
somente podemos saber, como também podemos reconhecer, quem é Jesus porque Deus
nos deixou de forma clara a revelação de sua Palavra em todas as eras. Não é
sem razão que o escritor de Hebreus, ao falar sobre a fé, discorre sobre o tema
desde a criação passando por Abel, os patriarcas, Moisés, os israelitas em
Canaã e termina apontando para os leitores de seu sermão (capítulo 11). Ou
seja, tudo o que de Deus podemos saber foi registrado para que tivéssemos plena
certeza da verdade de Deus. E tudo o que podemos saber sobre Jesus, foi
registrado em todas as eras para que pudéssemos discernir quem ele é.
Considerando
este ponto, que líder-fundador de qualquer religião que proponha nos levar a
Deus tem um lastro tão grande de testemunho sobre sua vida? Novamente, o estudo
das religiões comparadas nos ajuda muito, pois nelas vemos que a idéia de
profecias que apontavam para algum messias libertador, de um povo oprimido,
sempre existiu. Todavia, ao contrário das profecias sobre Jesus, tais profecias
pagãs eram restritas a um período, não tendo elas mesmas lastros de veracidade,
além de anunciar um messias redentor da opressão específica de um povo (e.g. o
filme Highlander), nunca uma redenção global e cósmica, conforme vemos na
pessoa de Jesus.
Retomando
a primeira afirmação/tese da revelação final, plena e suficiente que Deus faz
em Jesus, lembramos que isto é possível porque Deus sempre fez conhecida a sua
palavra
que culmina em Cristo. Mas antes de chegar nesta conclusão, o escritor de
Hebreus traça uma segunda tese: deus sempre fez conhecida a sua palavra
por meio de um modus operandis claro: nos pais, pelos profetas.
Verificaremos isto no próximo sermão, permitindo o Senhor.
Airton Williams
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