CONTRIBUIÇÕES

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domingo, 19 de setembro de 2010

LIÇÕES A APRENDER

As metáforas usadas por Jesus, referentes ao sal e à luz têm muito a nos ensinar sobre nossas responsabilidade cristãs no mundo. Três lições se destacam.

a) Há uma diferença fundamental entre os cristãos e os não-cristãos, entre a igreja e o mundo.

É verdade que alguns não-cristãos adotam uma falsa aparência de cultura cristã. Por outro lado, alguns cristãos professos parecem indiscerníveis dos não-cristãos e, assim, negam o nome de cristão através do seu comportamento não-cristão. Mas a diferença essencial permanece. Podemos dizer que são tão diferentes quanto o alho do bugalho. Jesus disse que são tão diferentes como a luz e as trevas, tão diferentes como o sal e a deterioração ou a doença. Quando tentamos obliterar, ou até mesmo reduzir ao mínimo esta diferença, não servimos a Deus, nem a nós mesmos, nem ao mundo.
Este tema é básico no Sermão do Monte. O Sermão foi elaborado na pressuposição de que os cristãos são por natureza diferentes, e convoca-nos a sermos diferentes na prática. Provavelmente, a maior de todas as tragédias da Igreja através de sua longa história, cheia de altos e baixos, tem sido a sua constância de conformar-se à cultura prevalescente, em lugar de desenvolver uma contracultura cristã.
b. Temos de aceitar a responsabilidade que esta diferença coloca sobre nós.
Quando em cada metáfora reunimos a afirmação e a condição, a nossa responsabilidade se destaca. Cada afirmação começa, em grego, com o enfático pronome "vocês", que seria o mesmo que dizer "vocês e tão somente vocês" são o sal da terra e a luz do mundo. E portanto, (a condição segue-se com lógica inexorável), vocês simplesmente não podem falhar para com o mundo ao qual foram chamados a servir. Vocês têm de ser o que são. Vocês são o sal e, por isso, têm de conservar a sua salinidade e não podem perder o seu sabor cristão. Vocês são a luz e, por isso, devem deixar que a sua luz brilhe e não devem escondê-la de modo algum, quer seja através do pecado ou da transigência, pela preguiça ou pelo medo.
Esta vocação para assumir a nossa responsabilidade cristã, por causa do que Deus fez de nós e por causa de onde Ele nos colocou, é particularmente relevante aos jovens que se sentem frustrados no mundo moderno. Os problemas da comunidade humana são tão grandes e eles se sentem tão pequenos, tão frágeis, tão ineficientes! "Alienação", um termo popularizado por Marx, é a palavra comumente usada hoje para descrever estes sentimentos de frustração.
Que mensagem temos, então , para essas pessoas que se sentem estranguladas pelo "sistema", esmagadas pela máquina da moderna tecnologia, dominadas pelas forças políticas, sociais e econômicas que as controlam e sobre as quais elas não têm controle? Sentem-se vítimas de uma situação que não têm poder de mudar. O que podemos fazer? É no solo destra frustração que os revolucionários são produzidos, dedicados à violenta subversão do sistema. É exatamente deste mesmo solo que podem brotar os revolucionários de Jesus, igualmente ativistas dedicados, e até mais; mas antes, comprometidos a propagar a sua revolução do amor, da alegria e da paz. E esta revolução pacífica é mais radical do que qualquer programa de violências, por causa dos seus padrões incorruptíveis e porque modifica as pessoas e as estruturas. Perdemos a nossa confiança no poder do evangelho de Cristo? Então, ouçam Lutero: "Com a simples Palavra de Cristo eu posso ser mais desafiador e mais jactancioso do que eles com todo os eu poder, suas espadas e suas armas."
Portanto, apesar de tudo, não somos indefesos e impotentes! Temos Jesus Cristo, o seu evangelho, seus ideais e o seu poder. E Jesus Cristo é todo o sal e toda a luz de que este mundo tenebroso e arruinado precisa. Mas precisamos ter o sal em nós mesmos, e devemos deixar que a nossa luz brilhe.
continua...
Retirado do Livro : A Mensagem do Sermão do Monte
John Stott - ABU editora - Pág.: 54 a 56

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