Após duas décadas servindo ao
Senhor como pastor e lidando com várias questões pertinentes a integralidade do
Cristianismo, tenho visto muitas coisas acontecendo em torno e no seio da
igreja, quando uso o termo igreja não estou me referindo a nenhuma denominação
especificamente, ou a qualquer igreja local, mas ao que se conhece de forma
geral com esse termo, por tanto não é intenção desse trabalho, agredir ou
enaltecer a nenhuma comunidade específica. As afirmações aqui empregadas são
direcionadas de forma geral, mas considerando as exceções, sabendo que o Senhor
mesmo tem guardado um remanescente fiel.
A forma da igreja se portar tem
causado bastante estranheza, visto que a sua maneira de ser e de se relacionar
com o mundo e a cultura a sua volta em vários aspectos, não condiz com aquilo
que Deus determinou nas Sagradas Escrituras. Aqueles que a observam ficam com
uma nítida impressão de fracasso.
O atual estado da igreja é de
fato muito preocupante, pois ela tem sido conivente com a corrupção, com a
ganância e com a forma secular geral de se pensar a vida. Com isso, assistimos
uma igreja irresponsável e apática quanto ao temor do Senhor e a vida em
santidade e obediência, abominações indizíveis são aceitas e até aplaudidas
nesse tempo.
Ao que parece essa perdição se
multiplica a cada momento, ganha cada vez mais espaço e uma cegueira
impressionante não lhe permite ver que está correndo em alta velocidade para um
estado de apostasia generalizada. Fato que só não ocorreu ainda, por causa da
graça de Deus que através do seu remanescente fiel faz com que ela ainda tenha
um pouco de luz.
Atualmente vivemos tempos
difíceis em que a igreja se mostra perdida e sem rumo, em um mundo caído sem
esperança, ao invés de resplandecer à Cristo para esse mundo, ela se encontra
na mesma condição; e o que é pior, regida por esse mesmo mundo na sua forma de
pensar e agir.
Cristãos que outrora eram zelosos
com a sã doutrina estão se esquecendo dos termos pactuais da aliança, eles
agora se rendem as coisas que a Escritura reprova como o divórcio, que quebra o
símbolo pactual do casamento.
Casamento esse que tem a
finalidade de refletir a própria trindade santa no que constitui a família,
isto é um homem se unindo a uma mulher para se tornar uma só carne com ela e
gerar filhos. Até as coisas que o próprio Deus chama de abominação, como, por
exemplo o homossexualismo que tem a missão de implodir a família a qual Deus
objetivou com a referida finalidade já não incomodam como deveria. Tais
desobediências e abominações agora são aceitas e praticadas com legitimidade
por parte de algumas denominações e igrejas locais.
Os que são favoráveis a tais
práticas, o fazem sob a alegação de que a Bíblia que antes era tida como
autoridade absoluta para essas e outras questões, não pode mais legislar sobre
essas coisas visto que é um livro antigo, escrito por pessoas de outras
culturas completamente alheias a nossa realidade pós moderna, por tanto não
devem ser consideradas as suas afirmações sobre os referidos assuntos.
A igreja de hoje não tem
critérios para discernimento em seus relacionamentos no aspecto de comunhão.
Com a multiplicação das denominações evangélicas no Brasil, se multiplicam
também as seitas que se intitulam igrejas cristãs. A igreja atual deveria ter o
mínimo de preocupação com a pureza da vida cristã, como por exemplo, o critério
de atestar se uma comunidade, denominação ou igreja local tem as Escrituras
Sagradas como inerrante Palavra de Deus e se a sua confissão de fé é condizente
com o que ali é atestado por Deus antes de ter comunhão com tais seguimentos a
volta da mesa do Senhor. Na verdade o que assistimos assustados é a igreja de
braços dados e em plena comunhão com aqueles que negam não só a Bíblia, mas
também ao próprio Deus quando questionam e negam a Trindade, isto é, o Deus
Pai, Filho e Espírito Santo.
Falando ainda do problema da
relativização e negação das Escrituras Sagradas é obvio que esse grupo também
não crê na suficiência das mesmas para tratar o coração conflitante dos seus
membros, o que faz com que a situação da igreja fique ainda mais caótica.
Muitos pastores desistiram do
ensinamento sob a ótica de Deus revelada em sua Palavra, tanto para novos
convertidos como para lideres e futuros pastores. Eles chegam ao pondo de não
mais tratar o pecado como pecado, já não querem mais lidar com o sofrimento
como Deus o vê, e consequentemente não levam essas pessoas a libertação, a cura
e ao crescimento em fidelidade ao Senhor. Atualmente a igreja está
ressignificando textos bíblicos a partir de uma interpretação irresponsável,
falsa, profana e apostata. É dessa maneira que o comportamento pecaminoso foi
recebendo nomes como doenças, síndromes, transtornos entre outros termos. Esses
pastores não só se rendem e buscam ao pensamento secular, mas estão totalmente
dominados e regidos pelo estudo da psicologia cujo a observação não consegue
ultrapassar o limite do comportamento. Os pastores já não querem se envolver
com os problemas das pessoas e preferem terceirizar o tratamento e cuidados com
o rebanho, os conduzindo aos psicólogos e psiquiatras, negligenciando assim
suas obrigações pastorais e desobedecendo de forma desonrosa aquele que os
chamou para o sagrado ministério.
A cristandade por sua vez, não
obstante a perdição do seu próprio coração e a sua forma pecaminosa de fazer
escolhas, se encontram sem orientação da parte daqueles que deveriam guiá-los,
estão sempre fazendo as piores escolhas, são irresponsáveis com as suas
obrigações civis, isto é, não utilizam critérios bíblicos para as escolhas de
seus governantes, são infratores e até burlam a lei, são desonestos com os
impostos e corruptos em suas profissões. Teríamos milhares de testemunhos e
experiências sobre desonestidades envolvendo cristãos para relatar, a começar
por alguns pastores que abandonam o púlpito para se dedicar a política
governamental e estão sempre aparecendo nos noticiários envolvidos em algum escândalo
de corrupção. Os cristãos nesse tempo estão perdendo de vista o que é reino de
Deus, esse é um conceito esquecido no relacionamento com o próximo e com o meio
ambiente em geral. Ao idealizar uma profissão a preocupação única é a
rentabilidade da mesma, ao escolher um cônjuge o egoísmo é gritante, o objetivo
é a felicidade e quando a tal felicidade não é alcançada o divórcio é a próxima
decisão errada a ser tomada.
O que dizer então do desespero
consumista e do imediatismo que os motiva e os domina levando-os ao estresse a
dependência de remédios e em alguns casos até ao suicídio. Pode parecer difícil
de acreditar, mas ainda estou falando da igreja e acredito que continuar esse
relato desconcertante, preocupante e vergonhoso é desnecessário. Acredito que
os exemplos aqui descrevo são suficientes para no mínimo nos inquietar, porém
acho necessário observar uma última questão que julgo ser ainda mais grave na
lista das nossas preocupações com a igreja do nosso tempo.
As consequências do abandono às
Escrituras, não tem limites, não se resume apenas ao fato de a igreja não
possuir uma postura bíblica nos aspectos aqui já citados, mas faz também com
que ela perca até mesmo a noção do que é santo, estamos falando de uma igreja
que ao se reunir para prestar o culto solene coletivo transforma o ambiente em
um palco de idolatrias, com ritos pagãos e simbolismos que não são cristãos,
esses vão de símbolos do judaísmo antigo até ritos das chamadas religiões
afro-brasileiras.
É também marca registrada dos
cultos intitulados cristãos da atualidade uma estrutura litúrgica totalmente
irreverente, desrespeitosa, escarnecedora e ultrajante à santidade de Deus. Os
cultos foram transformados em verdadeiros espetáculos com apresentação de peças
teatrais, e até exibições circenses. Esse ajuntamento não passa de
entretenimento para os presentes, as músicas são para danças, agitação e
satisfação dos que as promovem assim como dos que apreciam, as letras das
mesmas são o próprio vomitar de um coração caído com suas ganâncias, revoltas e
mesquinhez; as orações são tão infames nas suas expressões que Deus é
destituído da posição de soberano criador e glorioso Senhor e é relegado a
posição de garçom, com a única função de atender a todos os desejos de clientes
exigente. Faltam palavras para nominar com precisão esses atos, visto que o que
se vê e escuta nesse sentido é simplesmente estarrecedor.
A pregação, por sua vez, nem de
longe é verdadeiramente a exposição do texto sagrado, os sermões foram
reduzidos simplesmente a mensagens de auto ajuda e a palestra motivacionais, as
vezes é difícil saber se o ambiente é uma igreja ou um auditório de alguma
empresa, em outros casos o conteúdo desses discursos de um misticismo pagão
impressionante, cujo o encorajamento aos presentes é no sentido de que a igreja
descobriu uma fórmula mágica para barganhar e persuadir à Deus e obrigá-lo a
fazer até aquilo que Ele não quer.
Em suma o que vemos são
pregadores fraudulentos usando a bíblia de forma distorcida a fim de apresentar
um deus criado à própria imagem deles para lhes atender os anseios do coração.
Esses são acompanhados por um público que está se “acercando de mestres que
preguem segundo as suas próprias cobiças” uma expressão muito clara do que é o
abandono da verdade e o “se voltar as fábulas” multidões, cujo o laço está no
próprio “coração enganoso e desesperadamente corrupto”, um auditório com o
mesmo propósito degradante que alega ser uma forma de cristianismo poderoso.
Apesar dessas afirmações não dá para negar que essas falsas doutrinas tem
entrado de forma sorrateira em muitas denominações e congregações que outrora
eram serias quanto a confissão e vivência da fé verdadeira, primavam pela
verdade da escritura, que pregavam a sã doutrina e se mostravam ao mundo como
expressão da verdade do evangelho tendo em vista sempre o reino de Deus e a sua
justiça, tendo em Cristo contentamento e plena suficiência em tudo.
Sem sombra de dúvida se faz
necessário uma atitude abrangente por parte daquele referido remanescente, algo
que não só denuncie todo esse pecado que como um câncer maligno em fase
terminal, consome as entranhas da igreja, causando dor e sofrimento ao próprio
corpo que ainda luta. Considerando que a causa majoritária de tamanho
afastamento e perdição é o abandono da Sagrada Escritura, precisamos voltar
imediatamente aos estudos da Palavra de Deus para compreensão da mensagem,
resgatar o ensino da mesma, e sobretudo o praticar visivelmente em detrimento
aos grandes desafios do nosso tempo. A igreja precisa redescobrir a sua própria
história a partir do Antigo e Novo Testamento, olhar o comportamento dos
primeiros cristãos e ver que aqueles irmãos amavam à Cristo mais do que à suas
próprias vidas e provavam isso nas arenas e nas fogueiras através de uma
convicção inabalável em Deus, se tornando assim incapazes de negá-lo, e isso os
levavam à morte. Precisamos perceber a seriedade e reverência em santidade que
havia no culto ao Senhor, temos que nos lembrar quão grande luta os cristãos
verdadeiros passaram para permanecerem fiéis ao longo da chamada era medieval ,
vivendo em uma igreja corrupta e desviada da verdade. Na minha opinião, é
crucial que a igreja do nosso tempo observe também o evento que tem sido
chamado ao longo da história recente de Reforma protestante, para assim
perceber como aqueles irmãos os quais são chamamos de reformadores a quem
devemos tanto, que em tempos tão difíceis, desafiaram toda estrutura religiosa
e política para resgatarem a verdade de Deus devolvendo a Escritura a mão de
todos, afim de que esses entendessem a vontade de Deus e vivessem de forma
santa em um mundo caído. Esses instrumentos de Deus resgataram a pregação
verdadeira e como buscaram incansavelmente a estrutura do culto bíblico e da
prática do mesmo na historia, o qual ficou bem conhecida e registrado nas
confissões históricas de fé como: o princípio regulador do culto; devemos ter o
mesmo senso de responsabilidade em nosso tempo. Que o zelo pela a Escritura
Sagrada seja visto em nós através de todas as nossa ações, que o nosso
posicionamento diante de um mundo caído e na nossa sociedade cada dia mais
promíscua, injusta e corrupta, seja a expressão do que Deus pensa, revelada em
sua palavra, e que aqueles que nos observam possam ver também no nosso
ajuntamento solene, profundo amor, reverência e verdadeira adoração, pois sendo
assim em nossos corações e ações, os homens nos verão e glorificarão a Deus, se
assim for poderemos chamar realmente aquilo que fazemos coletivamente aos
domingos ao nos ajuntar no templo, de culto à Deus e a nossa vivência em comunhão
de igreja de Jesus Cristo.
Dejacir Costa Lima
Bacharel em Teologia pela Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares – SEBI; Bacharel em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória; Conselheiro Bíblico certificado pela Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares – SEBI; Treinamento e Capacitação em Aconselhamento Bíblico pelo Núcleo de Treinamento e Aconselhamento Bíblico – Nutra e Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos – ABCB.
Bacharel em Teologia pela Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares – SEBI; Bacharel em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória; Conselheiro Bíblico certificado pela Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares – SEBI; Treinamento e Capacitação em Aconselhamento Bíblico pelo Núcleo de Treinamento e Aconselhamento Bíblico – Nutra e Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos – ABCB.
texto retirado do site: www.sebi.com.br
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