Até aqui, temos mostrado como a pregação está submetida a uma ordem. Ela é missão e mandato. Por isso, tem um caráter doutrinário.
Quando nos propomos a educar os homens, podemos sonhar em seguir um plano e fixarmo-nos a uma meta. Esta meta seria a tarefa do pregador, se a igreja se propusesse a educar a humanidade e fazer verdadeiros homens. Porém, não pode ser assim conhecendo qual é a função própria da igreja. A igreja não é uma instituição a serviço do progresso do mundo. A igreja, com sua pregação, não é uma ambulância nos campos de batalha da vida. Por outro lado, não deve tampouco buscar a instauração de uma comunidade ideal das almas, corações ou espíritos. Todas estas coisas têm seu valor e certamente, devemos nos preocupar com elas. Essas podem entrar como acessório na pregação. Por demais, tudo isto tem forçosamente um papel, como na vida ordinária. O pregador, como todos os cristãos, vive no mundo e não pode subtrair-se a estas coisas. Porém, a partir do momento em que a pregação toma isto como meta, não tem mais razão de ser. Atualmente, compreendemos isto cada vez melhor, quando todas as forças civilizadoras foram assumidas por outras organizações distintas da igreja. Supondo que a igreja desaparecesse um dia - este, por exemplo, era o ponto de vista de Richard Rote, que defendia a fusão progressiva da igreja com o Estado - os periódicos, as rádios, as obras sociais, a psicologia e a política bastariam para cuidar da vida, da alma e da família. Se se trata de moralidade pública ou de tarefas deste gênero, os filhos deste mundo sabem bem mais que a igreja e dispõem de meios superiores. Neste caso, a igreja não é mais que a quinta roda da carruagem... nem sequer uma roda para a troca (estepe)!
É necessário, pois, refletir seriamente sobre a missão que incube à igreja. Necessitamos de homens que obedeçam uma ordem que se lhes foi imposta de fora, uma necessidade anterior a tudo o que contitui nossa existência, como o é o nascimento ou a morte. A igreja não pode fazer mais que reconhecer simplesmente tudo isto: foi-lhe dada uma ordem que deve ser cumprida. A existência da igreja justifica-se somente se ela compreende que está fundamentada numa chamada. Por conseguinte, não tem um plano - este plano pertence a Deus - senão uma tarefa a cumprir. A pregação, no desenvolvimento do culto, deveria ser o anúncio de sua obediência a esta tarefa que lhe foi confiada por Cristo.
De tudo isto resultam as seguintes considerações:
1) A pregação deve submeter-se à fidelidade doutrinária. trata-se de confissão de fé, que não é um resumo de idéias religiosas tiradas de nossa própria capacidade, senão o que cremos e confessamos, o que recebemos e cremos porque temos ouvido a revelação. A confissão é uma resposta do homem ao que Deus disse. E cada pregação é uma resposta da qual somos responsáveis.
O que ocorre então, não tem nada que ver com um plano ou idéia que nós forjamos em nosso espírito. Aqui obedecemos, o que quer dizer: escutamos a Palavra de Deus e respondemos de acordo com a confissão de fé. Não se trata, naturalmente, de pregar a confissão de fé, mas de ter como meta e limite de nossa mensagem a confissão da igreja, de nos colocarmos onde se coloca a igreja.
2) Há uma segunda consequência prática: o elemento da edificação. O que devemos construir? Evidentemente a própria igreja. Porém edificar a igreja não deve ser entendido no sentido de O pastor de Hermas: "Continuar a construção", "construir sobre um edifício em vias de término". Edificar a igreja é reconstruí-la cada vez mais de cima para baixo. A igreja deve construir-se sem interrupção, continuamente devemos aceitar a ordem que se nos dá, reassumir a obediência. "Pela obediência para a obediência", tal é a marcha do cristão. A igreja é uma comunidade situada abaixo da revelação e edificada pela escuta da Palavra de Deus. A edificação realiza-se pela graça de Deus, com vistas à vida. Neste marco, então, podemos falar de educação dos homens, da ajuda moral e espiritual à humanidade. As construções secundárias tem lugar à sombra da edificação principal. "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça", "uma só coisa é necessária".
Quando nos propomos a educar os homens, podemos sonhar em seguir um plano e fixarmo-nos a uma meta. Esta meta seria a tarefa do pregador, se a igreja se propusesse a educar a humanidade e fazer verdadeiros homens. Porém, não pode ser assim conhecendo qual é a função própria da igreja. A igreja não é uma instituição a serviço do progresso do mundo. A igreja, com sua pregação, não é uma ambulância nos campos de batalha da vida. Por outro lado, não deve tampouco buscar a instauração de uma comunidade ideal das almas, corações ou espíritos. Todas estas coisas têm seu valor e certamente, devemos nos preocupar com elas. Essas podem entrar como acessório na pregação. Por demais, tudo isto tem forçosamente um papel, como na vida ordinária. O pregador, como todos os cristãos, vive no mundo e não pode subtrair-se a estas coisas. Porém, a partir do momento em que a pregação toma isto como meta, não tem mais razão de ser. Atualmente, compreendemos isto cada vez melhor, quando todas as forças civilizadoras foram assumidas por outras organizações distintas da igreja. Supondo que a igreja desaparecesse um dia - este, por exemplo, era o ponto de vista de Richard Rote, que defendia a fusão progressiva da igreja com o Estado - os periódicos, as rádios, as obras sociais, a psicologia e a política bastariam para cuidar da vida, da alma e da família. Se se trata de moralidade pública ou de tarefas deste gênero, os filhos deste mundo sabem bem mais que a igreja e dispõem de meios superiores. Neste caso, a igreja não é mais que a quinta roda da carruagem... nem sequer uma roda para a troca (estepe)!
É necessário, pois, refletir seriamente sobre a missão que incube à igreja. Necessitamos de homens que obedeçam uma ordem que se lhes foi imposta de fora, uma necessidade anterior a tudo o que contitui nossa existência, como o é o nascimento ou a morte. A igreja não pode fazer mais que reconhecer simplesmente tudo isto: foi-lhe dada uma ordem que deve ser cumprida. A existência da igreja justifica-se somente se ela compreende que está fundamentada numa chamada. Por conseguinte, não tem um plano - este plano pertence a Deus - senão uma tarefa a cumprir. A pregação, no desenvolvimento do culto, deveria ser o anúncio de sua obediência a esta tarefa que lhe foi confiada por Cristo.
De tudo isto resultam as seguintes considerações:
1) A pregação deve submeter-se à fidelidade doutrinária. trata-se de confissão de fé, que não é um resumo de idéias religiosas tiradas de nossa própria capacidade, senão o que cremos e confessamos, o que recebemos e cremos porque temos ouvido a revelação. A confissão é uma resposta do homem ao que Deus disse. E cada pregação é uma resposta da qual somos responsáveis.
O que ocorre então, não tem nada que ver com um plano ou idéia que nós forjamos em nosso espírito. Aqui obedecemos, o que quer dizer: escutamos a Palavra de Deus e respondemos de acordo com a confissão de fé. Não se trata, naturalmente, de pregar a confissão de fé, mas de ter como meta e limite de nossa mensagem a confissão da igreja, de nos colocarmos onde se coloca a igreja.
2) Há uma segunda consequência prática: o elemento da edificação. O que devemos construir? Evidentemente a própria igreja. Porém edificar a igreja não deve ser entendido no sentido de O pastor de Hermas: "Continuar a construção", "construir sobre um edifício em vias de término". Edificar a igreja é reconstruí-la cada vez mais de cima para baixo. A igreja deve construir-se sem interrupção, continuamente devemos aceitar a ordem que se nos dá, reassumir a obediência. "Pela obediência para a obediência", tal é a marcha do cristão. A igreja é uma comunidade situada abaixo da revelação e edificada pela escuta da Palavra de Deus. A edificação realiza-se pela graça de Deus, com vistas à vida. Neste marco, então, podemos falar de educação dos homens, da ajuda moral e espiritual à humanidade. As construções secundárias tem lugar à sombra da edificação principal. "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça", "uma só coisa é necessária".
Retirado do Livro: A Proclamação do Evangelho
Karl Barth - Fonte Editorial - Pág.: 33 a 36
Nenhum comentário:
Postar um comentário