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quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS SACRAMENTOS - MEIOS DE GRAÇA

Uma coisa é o evangélico crer que a Palavra é um meio de graça. Outra completamente diferente é acrescentar que os sacramentos são um meio adicional de graça. Até mesmo a palavra "sacramento" soa "católica" para muitos ouvidos evangélicos. De fato, é um conceito bíblico e desfruta de uma posição notavelmente alta, próxima à da própria Palavra, nas confissões e catecismos protestantes. Observe as seguintes definições evangélicas clássicas. Da tradição luterana nós descobrimos o seguinte:
Nossas igrejas ensinam que os sacramentos foram instutuídos, não meramente para serem marcas da confissão entre os homens, mas, especialmente para serem sinais e testemunhos da vontade de Deus para conosco, com o intuito de despertar e confirmar a fé naquele que as empregam. (A Confissão de Augsburg, Artigo XIII - 1530)

As igrejas reformadas concordam com essa visão dos sacramentos. A Confissão Escocesa de 1560 declara,

E, assim, absolutamente condenamos a vaidade daqueles que afirma que os sacramentos são nada mais do que sinais nus e expostos. Não, cremos confiadamente que, pelo batismo, nós somos selados em Cristo Jesus, para sermos partícipes de sua justiça, pelo qual nossos pecados são cobertos e remidos, e também que, na ceia empregada de forma correta, Cristo Jesus é unido a nós de tal forma que ele se torna a própria nutrição e comida de nossa alma. Por esta ceia, o Espírito Santo "nos alimenta do corpo e do sangue de Cristo partido e derramado por nós, mas, agora, presente no céu, na presença de seu Pai. Entretanto, apesar da distância entre seu corpo glorificado no céu e os homens mortais na terra, devemos, confiadamente, crer que o pão que partimos é uma comunhão com o corpo de Cristo e o cálice que abençoamos é a comunhão de seu sangue. ( Capítulo 21)

O Catecismo de Heidelberg concorda com essas definições, e a Consfissão de Westminster acrescenta que:

"Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça" . (Capítulo 27)

Em cada sacramento, duas coisas estão envolvidas: o sinal e a coisa significada. O sinal no batismo, por exemplo, é a água; na Santa Ceia, o pão e o vinho. A coisa significada no batismo é a regeneração; na Santa Ceia é o corpo e o sangue de Cristo. Como a Confissão de Westminster declara, "Há, em cada sacramento, uma relação espiritual ou união sacramental entre o sinal e a coisa significada; por isso, os nomes e os efeitos de um são atribuídos ao outro" (ibid).

Em outras palavras, a união entre a água e a regeneração é tão próxima no batismo que a Escritura mencionará ambos reciprocamante, como se a água purificasse no batismo ou como se o pão e o vinho, na comunhão, fossem verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo. Desse modo, Paulo fala do batismo como "o lavar regenerador" (Tt 3.5-8), e diz que a comunhão com o pão e o vinho se contitui de fato em uma participação no corpo e sangue de Cristo (1Co 10.16-17).

Quando somos ligados por essa união do Espírito com seus meios de graça (Palavra e Sacramento), somos verdadeiramente introduzidos em um ministério de "sinais e maravilhas". Os sinais são a Palavra escrita e pregada, a água, o pão e o vinho. As maravilhas são as atividades sobrenaturais do Espírito que estão ligadas a esses sinais.
O poder ou eficácia dos sacramentos não reside em sua própria natureza. A eficácia está no Espírito que os une aos tesouros espirituais que eles significam. A mesma água que é usada no batismo poderia, da mesma forma, ser usada para lavar as mãos de alguém e não haveria diferença na substância da água em si. De maneira semelhante, não há mudança no pão e no vinho — o pão permanece pão e o vinho permanece vinho. Mas quando a Palavra e o Espírito se juntam a esses elementos comuns, Deus promete estar sobrenaturalmente presente a fim de conceder suas dádivas. Os sacramentos, portanto, antes de serem sinais da lealdade do crente, o são de Deus. Esta é a razão porque Calvino escreveu, "Em um sacramento, não trazemos nada de nós mesmos, mas somente recebemos". Eles não testificam acerca da sinceridade do convertido, mas da providência de Deus em salvar e manter o seu povo pela sua graça.
Este foi um conceito difícil para mim, visto ter crescido em círculos onde se cria que o significado do batismo e da ceia do Senhor (e até mesmo do próprio sermão) era o de nos levar a uma reação. Em outras palavras, era a emoção ou piedade que essas ações evocavam, não as dádivas celestiais que Deus estava me dando por esses meios, que definiam o momento.
O batismo significava, "Eu decidi seguir a Jesus". A Santa Ceia significava, "Eu lembro o quanto Jesus sofreu e o quanto eu deveria, portanto, fazer por ele". Tanto a pregação quanto essas cerimonias focalizavam minha experiência intensa subjetiva e a decisão de fazer melhor, mais que Deus e sua graça objetiva em Cristo. Essas atividades eram pouco mais do que liçoes práticas para minha piedade pessoal.
Embora certamente ocorram efeitos emocionais por se receber a certeza do perdão e da adoção, os textos bíblicos fazem da graça de Deus, nao da minha reação, a grande notícia. Como o Catecismo de Heidelberg expressou, o Espírito Santo cria fé em nosso coração pela Palavra pregada, e a confirma pelos sacramentos.
Foi por essa razão que os reformadores protestantes seguiram os grandes pais da igreja como Santo Agostinho ao chamar os sacramentos de "Palavra visível de Deus". Os sacramentos servem ao mesmo propósito que a própria Palavra, não somente oferecendo ou exibindo a promessa de Deus, mas conferindo, realmente, a sua graça salvadora ao nos unir, pela fé, a Cristo e a seus benefícios.
Alguém indubitavelmente perguntará, "Mas, se somos justificados de uma vez por todas, por que precisamos continuar recebendo perdão e graça por meio dos sacramentos?" É interessante que nós não fazemos esta pergunta com relação à Palavra. Nós sabemos que precisamos ouvir o evangelho pregado mais de uma vez em nossa vida, que precisamos continuamente ouvir a garantia do perdão de Deus oferecido a nós em nossas fraquezas e dúvidas. Os sacramentos servem, precisamente para este mesmo propósito.
Quando recebemos a Santa Comunhão, estamos experimentando a alegria de nossa íntima união com Cristo assim como, certamente, seus discípulos desfrutaram da presença de Cristo no lugar onde cearam juntos. Aqui, em Palavra e sacramento, nosso Senhor ascendido não está longe de nós, mas está, ele mesmo, oferecendo-nos comunhão pessoal e todas as dádivas que ele conquistou para nós por meio do seu ministério. Nós somos, assim, levados das praias da antiga Galiléia, tão distantes daquela primeira ceia. Todavia, somos instantaneamente unidos aos discípulos junto à mesa da Comunhão e a todos os santos de todas as eras, como juntos estamos unidos a Cristo, compartilhando de seu sacrifício todo-suficiente.
A Santa Comunhão não é particular, mas corporativa; não meramente espiritual, mas material também; não apenas representativa, mas real. Quando a eternidade encontrou-se com o tempo, Deus visitou a carne pecadora na pessoa física e obra de Cristo. Agora, quando quer que comamos o pão e bebamos do cálice, nós encontramos esta Palavra encarnada e recebemos os benefícios de sua Paixão e Ressurreição.
Nós não o conhecemos "andando com ele e falando com ele" em um jardim de devoção particular que imaginamos ou invocamos em nosso próprio coração. Nós conhecemos a Jesus recebendo-o na Palavra e no sacramento. Ao fazê-lo, somos, verdadeiramente, levados ao céu pelo Espírito Santo, onde ele nos coloca, gentilmente, nos braços de Cristo.



Retirado do livro: A Face de Deus - Os perigos e as delícias da intimidade espiritual
Michael Horton - Editora Cultura Cristã - Pág.: 145 a 148

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